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dezembro 17, 2024 0 Comments

ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA É DESAFIO PARA OS PRÓXIMOS ANOS

 

SEGUNDO PESQUISA DA FGV IBRE, O PROBLEMA AFETA QUASE 60% DAS EMPRESAS DO PAÍS

 

Nascido em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas radicado em Campos desde a infância, Alexandre de Albuquerque Moura, de 42 anos, concluiu o Ensino Médio em 2000. Trabalhou como office boy e no comércio campista, até que em 2012, decidiu fazer um curso técnico de Mecânica Industrial na Firjan SENAI Campos. O setor de óleo e gás na Bacia de Campos estava no auge, aquecendo o mercado de trabalho e irrigando os cofres públicos do Norte Fluminense. O curso durou sete meses e, pouco mais de um mês depois, já estava empregado.

Ficou nove anos na mesma empresa, até sair em 2021, na crise da pandemia. Ficou pouco mais de um ano em busca de uma nova oportunidade, até ser contratado como técnico-líder de Serviços Submarinos por uma multinacional americana líder no mercado, atuando numa plataforma na costa de Angola, na África. Após 12 anos de experiências acumuladas, ele vive hoje o auge de sua carreira.

“Antes exigiam muita experiência e salários mais baixos, e acredito que isso se deve muito à falta de mão de obra qualificada. Hoje as empresas do setor oferecem oportunidades e condições muito mais vantajosas para reterem seus talentos, pois sabem que está complicado conseguir funcionário bem capacitado: é um problema grave que pode prejudicar ou atrasar os investimentos da própria empresa, independente do seu tamanho. Mas toda crise gera também uma oportunidade que, neste caso, está nas mãos do trabalhador”, disse Alexandre.

A escassez de mão de obra qualificada não se restringe ao mercado de óleo e gás: é um problema nacional que já afeta 58,7% das empresas do Brasil, impactando custos operacionais e pressionando preços, segundo pesquisa da FGV IBRE. O problema pode ter várias causas, desde falta de formação técnica e educação básica adequadas até a baixa atratividade de determinadas carreiras, mas, ironicamente, é insuflado também por um fator positivo: a taxa de desocupação recuou 0,7 no segundo trimestre deste ano, quando comparado com o trimestre anterior – mantendo-se 6,8%, segundo o IBGE.

Para o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, é necessário realizar uma “revolução” no sistema educacional, o que deveria acontecer até os próximos cinco ou seis anos. “Isso vai nos afetar lá em 2040. A gente não vai ter um país rico com a qualidade de educação baixa e com muita gente ainda com escolaridade baixa. Isso é um enorme desafio para o Brasil. O cenário é de falta de mão de obra”, alertou o economista durante o evento Caminhos do Brasil, promovido em São Paulo no final de novembro pelos jornais O Globo, Valor Econômico e Rádio CBN.

São consideradas profissões com indícios de escassez “aquelas em que, apesar da ampliação de vagas, o salário de admissão avança de forma mais intensa que a média do mercado formal de modo a estimular a admissão de novos profissionais”. Entre as profissões estão muitas relacionadas ao mercado de óleo e gás, como caldeireiro e montador de estruturas metálicas, mas envolvem desde garçons a psicólogos.

Polo educacional da região, Campos oferece uma série de cursos gratuitos – desde técnico a universitários – voltados para o mercado do petróleo e gás. Há oportunidades em instituições diversas como Firjan SENAI, Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que vão desde engenharia de petróleo a soldagem.

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