FALTA DE INFRAESTRUTURA É O MAIOR PROBLEMA DA REGIÃO
Entrevista >>> FRANCISCO ROBERTO DE SIQUEIRA, PRES. FIRJAN NORTE FLUMINENSE
Empresário do setor de Construção Civil em Campos, Francisco Roberto é graduado em Engenharia pela UFF, com curso de extensão de Engenharia de Segurança na PUC-Rio. Em 1972, fundou a Siqueira Engenharia. Contribuiu para o processo de verticalização do município, erguendo dezenas de edificações que se tornaram referência na cidade, como o Solar da Lechia e os shoppings Pelinca Square Center e Turfe Centro Shopping. É presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte Fluminense (Sinduscon NF), vice-presidente da federação e, desde 2020, também preside a Firjan Norte Fluminense.
Plataforma – Quais são os principais desafios para o desenvolvimento do Norte Fluminense?
Francisco Siqueira – Em uma palavra: Infraestrutura. É fundamental termos mais segurança e investimentos em vias estratégicas, como a BR-101, a ferrovia EF-118 (que vai conectar o Porto do Açu à malha ferroviária nacional), a nova Estrada dos Ceramistas e a Ponte da Integração. Com esse rol de intervenções, não temos dúvidas de que a região terá um assombroso salto de competividade e desenvolvimento. Há, ainda, problemas de infraestrutura relacionados à segurança pública que impactam cidadãos e empresas, como o roubo de energia elétrica, que faz da tarifa fluminense uma das mais caras do Brasil. E isso impacta diretamente a competitividade das nossas empresas, juntamente com outros impostos elevados, prejudicando a comercialização de nossos produtos frente a concorrentes do Espírito Santo, por exemplo.
Plataforma – A Bacia de Campos chega aos 50 anos em 2024, mas até quando acredita que o mercado de óleo e gás continuará predominante na região?
Francisco Siqueira – Em visita à Firjan Norte Fluminense, a Petrobras destacou investimentos para manter plataformas em operação até 2050 e ampliar atividades de operadoras independentes na região. O descomissionamento de antigas plataformas, um mercado de US$ 8 bilhões na Bacia de Campos, é outra oportunidade em crescimento, já com a participação do Porto do Açu. Além disso, estudos sobre o Pré-Sal na Bacia de Campos avaliam a viabilidade de novos poços. No gás natural, projetos aprovados somam mais de R$ 150 bilhões, impulsionando a neoindustrialização.
Plataforma – De que forma a Firjan contribui para que as riquezas geradas no Porto do Açu se irradiem pela região?
Francisco Siqueira – Desde 2020, mesmo durante a pandemia, a Firjan Norte Fluminense promove workshops e rodadas de negócios para capacitar e incentivar fornecedores locais a firmarem contratos com multinacionais do Porto do Açu, o que já ocasionou em dezenas de negócios fechados e empregos gerados. Além disso, a federação contribui realizando estudos diversos para atrair novas indústrias, mobilizar a sociedade em torno de pautas estruturantes e sensibilizar os agentes públicos para lutarmos juntos por melhorias que impactam a geração de emprego e renda. Com a EF-118, por exemplo, o mesmo trem que trará grãos para exportação levará fertilizantes para o Centro-Oeste brasileiro. Isso abre enormes possibilidades de incremento também à agroindústria da região. Há ainda inúmeros outros estudos relacionados ao mercado de óleo e gás e de novas energias, por exemplo. É um trabalho árduo e muitas vezes invisível, mas que resulta em melhorias concretas. Um exemplo é a própria concessão da BR-101, que apesar dos inúmeros percalços, de fato melhorou de forma significativa, se compararmos com 20 anos atrás, quando era conhecida como a rodovia da morte.
Plataforma – Como a Firjan contribui para remediar o problema da escassez de mão de obra, situação que aflige empresários de todo o país?
Francisco Siqueira – A pandemia e o avanço de tecnologias como a inteligência artificial trouxeram grandes desafios para as indústrias, incluindo mudanças nas relações de trabalho. A digitalização da produção exige profissionais altamente qualificados, tornando crucial formar, atrair e reter talentos para elevar a produtividade de forma sustentável. No Norte Fluminense, há uma robusta rede de instituições públicas e privadas de ensino técnico e superior, além da própria Firjan SENAI Campos e Macaé, cujos alunos têm uma enorme aderência ao mercado de trabalho. Nosso objetivo é alinhar cada vez mais a formação técnica da Firjan SENAI às vocações econômicas regionais. Além disso, defendemos a ampliação do ensino médio em horário integral na rede pública, com ensino técnico integrado, como já oferecemos de forma totalmente gratuita na Firjan SESI e Firjan SENAI.
Plataforma – Quais são as principais oportunidades e desafios para que o Estado do Rio consiga se desenvolver?
Francisco Siqueira – A Firjan SENAI SESI já mapeou inúmeras oportunidades no estado do Rio de Janeiro, maior produtor energético do país, com 66% do gás e 86% do petróleo nacional. Apesar da liderança, é essencial investir na transição energética e diversificar a matriz com solar, eólica e outros recursos. A silvicultura também oferece potencial de R$ 11 bilhões em investimentos e geração de 960 mil empregos, especialmente nas regiões Norte e Noroeste, conectando os mercados de Minas, São Paulo e Espírito Santo. A Firjan trabalha para fortalecer o setor industrial e promover desenvolvimento socioeconômico, alinhando educação, inovação e sustentabilidade. Com isso, busca construir um futuro mais competitivo e com qualidade de vida para as próximas gerações.